Superação é uma palavra
forte e cheia de significado, mas de execução bastante complexa, pelo menos
para a esmagadora maioria da raça humana. É muito comum à nossa espécie travar
diante das dificuldades, sem conseguir se mexer. A sensação de incapacidade, de
insuficiência muitas vezes não nos deixa sair do lugar e nos faz acreditar que
não tem jeito, que não tem mais para onde correr e que a nossa vida permanecerá
limitada do jeito que está.
História
O medo dos obstáculos não se
aplica, no entanto, a incrível história de Brenden Borellini, de 45 anos. Esse
australiano nasceu surdo e parcialmente cego, ambas as deficiências impostas
por questões congênitas. Para piorar ainda mais a cegueira que era somente
parcial evoluiu ao longo dos anos para total, o que o obrigou a começar a levar
a vida sem dois dos sentidos básicos para os seres humanos. Quantos de nós não
teríamos acreditado que desse jeito a vida não valia a pena e era melhor
desistir?
Brenden resolveu contrariar
a massa, apesar dos inúmeros “nãos” que foi colecionando ao longo do caminho.
Na primeira década de vida ele pouco se desenvolveu academicamente, muito pela
ausência de oportunidades oferecidas. Isso mudou quando ele entrou na Unidade
de Educação Especial da Escola Cavendich Road, no município de Brisbone, na
Austrália. Com o apoio da instituição e mais algumas doses de força de vontade
e disciplina ele conquistou um feito inédito: Se tornou em 1989 o primeiro
australiano cego e surdo a conquistar o diploma de 2º grau, o que lhe rendeu o
título de Young Australian of the Year e ainda uma homenagem da Princesa Diana,
em Londres.
Muitos teriam se acomodado
com essa conquista se se encontrassem na mesma condição, mas esse não foi o
caso de Borellini. Entusiasmado com os estudos, ele ingressou na Universidade
de Queensland para cursar Sociologia, o que permitiu que fosse ainda mais
reconhecido nacionalmente, por sua garra e pelos seus feitos inéditos para um
portador de surdez e cegueira.
A paixão pela fotografia
O tempo passou e Brenden se
mudou para a cidade de Machay, que fica a leste de Queensland. Lá ele conheceu
Steve Mayer-Miller, diretor da Crossroad Art, uma organização local voltada
para a inserção de pessoas com deficiência no mundo das artes. Essa relação
despertou em Borellini novos desejos, motivando-o a desenvolver um de seus dons
apesar das complicações existentes: a fotografia.
Steve já tinha inserido
nessa atividade pessoas surdas ou cegas, mas nunca alguém que tivesse as duas
deficiências ao mesmo tempo. O desafio foi estimulante e engrandecedor tanto
para ele quanto Borellini, que com a ajuda do amigo aprendeu a mexer nos botões
da máquina e entendeu como deveria se posicionar para fotografar. Os primeiros
cliques vieram e o resultado além de surpreendente foi maravilhoso.
Para tornar a experiência
completa Brenden precisava ter uma noção maior do que estava fotografando. Isso
foi resolvido com impressões 3D das fotos tiradas, tecnologia capaz de colocar
em um papel com diferentes texturas e em relevo a imagem captada, permitindo
que Borellini sinta o seu trabalho e vá se aperfeiçoando cada vez mais. No
vídeo abaixo está o documentário que fizeram sobre sua vida, de pouco mais de 4
minutos. Vale a pena assistir e se encher de inspiração e boas energias!
The blind photographer from ABC Open Tropical North on Vimeo.
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